sexta-feira, 3 de julho de 2015

"Nunca vamos entender o porquê"

A vida curta e a morte absurda de Isabella Nardoni, assassinada aos 5 anos
SOLANGE AZEVEDO E MARTHA MENDONÇA
Isabella
Nossa flor tão amada
Nunca vamos entender o porquê minha Peta
A Saudade será pra sempre
OAMOR é eterno
Minha princesinha que sonhava aprender a ler
Lia historinhas pra madrinha, adorava dançar e assistia tanto desenho
Quantas vezes nós duas ficavamos comendo salgadinho e assistindo Monstros S.A.,
Pequena Sereia, Lilo e Stitch
Madrinha ligava e vc contava td o desenho do Tom e Jerry (Chuva de Ovos)
Tão inteligente: falava o português perfeito, sem errar plural, nem nada...
Dizia tanto: calma madrinha, sou uma só!
Pedia pra madrinha buscar vc na escola, era o meu maior prazer te levar e te buscar na escola...
Preguiçosinha... não queria ir pra escola só ia qndo dizíamos q só assim vc aprenderia a ler
Chegava em casa e lá estava, vc e o Titi escondidos, madrinha achava e vc saia correndo...
Madrinha eu não sou Isabella, sou princess
E é princess msm, nossa princesa e que agora é nosso anjinho.
Madrinha nunca deixará vc sozinha, vc está no meu coração e rezo pr seu anjinho
tds os dias, ele esta c vc e vai cuidar de vc pra gnt...
Agradeço a Deus por papai e mamãe ter me escolhido pra ser sua madrinha. (...)
Amo vc para sempre! Que Deus te abençoe e te ilumine! Que vc esteja em um lugar
cheio de passarinhos, cachorrinhos pq vc amava os bichinhos.


Mensagem de Cristiane, tia e madrinha de Isabella Nardoni, publicada no Orkut (grafia original)

Ela gostava de ser chamada de “princess”, ou princesa, pela madrinha Cristiane, a autora do texto acima. Gostava de assistir a desenhos de Tom e Jerry e da Pequena Sereia. Gostava de dançar balé. De passarinhos, cachorrinhos e bichinhos. Gostava de brincar na piscina de bolinhas plásticas e de almoçar na escola com crianças da mesma idade. Tinha dois irmãos que adorava. Falava um português perfeito para sua idade. Adorava os livros, e seu sonho era aprender a ler. Mas a menina Isabella de Oliveira Nardoni morreu sem realizá-lo, 20 dias antes de completar 6 anos, depois de cair do 6o andar do prédio onde morava seu pai, na zona norte de São Paulo. Sua morte prematura, em condições até agora não esclarecidas, foi manchete de jornais, tomou conta do noticiário da televisão, tornou-se tema de discussões e homenagens na internet e comoveu o país. O motivo: os principais suspeitos de ter cometido o crime são seu pai, Alexandre Alves Nardoni, de 29 anos, e sua madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 24.

Na noite do sábado 29 de março, Alexandre Nardoni, bacharel em Direito que presta serviços ao pai em um escritório de advocacia, entrou na garagem do edifício London, na Vila Isolina Mazzei, um bairro de classe média da zona norte de São Paulo. Morava ali havia poucas semanas com Anna Carolina Jatobá, estudante de Direito que trancara matrícula em uma universidade particular da cidade de Guarulhos. No Ford Ka, além deles, havia três crianças: os dois filhos do casal, Pietro, de 3 anos, e Cauã, de 11 meses, e Isabella, filha de um relacionamento anterior de Alexandre com outra mulher, Ana Carolina Cunha de Oliveira. A família voltava de um jantar no apartamento dos pais da atual mulher de Alexandre, em Guarulhos. Um fim de semana sim, outro não, Isabella ficava com o pai. Era, segundo todos que a conheceram, uma menina feliz. Sua vida comum de criança de classe média transcorria toda no mesmo bairro. A escola, a casa onde morava com a mãe e os avós maternos e o apartamento do pai ficam todos em um raio de 5 quilômetros. No dia seguinte, à noite, Alexandre levaria a menina de volta para a casa da mãe.

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